INTRODUÇÃO AOS MÉTODOS DA SOCIOLOGIA.




I – Os métodos

Prof. Gustavo Custódio

“Segundo Calderón, método é um conjunto de regras úteis para a investigação, é um procedimento cuidadosamente elaborado, visando provocar respostas na natureza e na sociedade, e, paulatinamente, descobrir sua lógica e leis. Cada ciência possui um conjunto de métodos.”[1]

O método a abordagem influência no resultado que se terá após a investigação, mas estas concepções já antecipam as análises e conclusões.

O método de abordagem pode ser: indutivo, dedutivo, hipotético-dedutivo e dialético.
O proceder dos métodos específicos é que aponta a objetividade da investigação.

1.1. O método histórico ou a sociologia histórica.

“ Este método consiste em buscar as raízes de um fenômeno social no passado, para descobrir as suas origens e antecedentes.” [2]

1.2. O método comparativo.

“ O método comparativo foi, por longo tempo, considerado como o método por excelência da sociologia.”[3] Empregado por Tylor. Estuda as semelhanças e diferenças entre os grupos, sociedade e povos, e destaca que isto pode trazer melhor compreensão do comportamento humano.

“Dukheim, em As Regras do Método Sociológico, expõe claramente a significação do método... Em muitas das ciências naturais, o estabelecimento de ligações causais é facilitado pela experiência, mas como esta é impossível na Sociologia, somos obrigado, diz Dukheim, a usar o método da experiência indireta, isto é, o método comparativo.”[4]

Um exemplo de eficiência desse método esta no estudo das comunidades rurais e urbanas, destacando suas semelhanças e contraste. “Criado por Le Play, que o empregou ao estudar famílias operárias na Europa. Partindo do Princípio de que qualquer caso que se estude em profundidade pode ser considerado representativo de muitos outros ou até de todos os casos semelhantes.”[5]

Consiste do estudo do todo para obter generalizações. A sua vantagem é de enxergar o todo sem desassociar as partes.

1.3. O método funcionalista

Utilizado por Malinowski. É mais um método dedicado a interpretação do que a investigação.[6] Surge como uma crítica ao método histórico e ao comparativo, influenciou antropólogos a mudarem o rumo de seus estudos para a dedicação detalhada e sistemática do comportamento social.

Na obra de Malinowski, “ a abordagem funcionalista envolvia, a afirmação dogmática da integração funcional de toda sociedade, e não a formulação experimental de uma hipótese sobre inter-relação das instituições.”[7]Sofreu transformação por um de seus seguidores; R.K. Mertron que a apresenta como mais útil. Fazendo distinção entre função e disfunção.[8]

Quando um grupo de pessoas desenvolve seu trabalho coletivamente, em uma região afetada, sobrevive de uma alimentação diferenciada possuí idéias de valores diferentes do todo. Este grupo pode ter as partes analisadas, analisa-se as características que marcam a coletividade do grupo e o porque de sua discrepância com o restante da sociedade.

1.4. O método estatístico

Teve sua origem em Quetelet. Trata-se de reduzir todas as datas e estatística. Baseia-se seu estudo em amostragem, pega-se algo e analisa como isso se faz presente. Pega-se todo um grupo e dentro desse grupo o aspecto a ser estudar e faz-se através de pesquisa, questionários e outras interrogativas a população, e então se obtem o resultado.

1.5. O Método Monográfico

A opção pela técnica monográfica deve ser através de um tema proposto a pesquisa. Implementado por Le Play possuí um estado muito amplo para se resolver o assunto proposto.

O estudo de temas até hoje é utilizado nos trabalhos de conclusão do curso superior.

1.6. O Método Tipológico

O seu expoente maior é Max Weber. Sua estrutura se assemelha a outro método, o comparativo; possuindo alguns aspectos importantes como sua marca.

A grande questão a ser buscada pelo tipológico é a diferença entre aquilo que é e aquilo que deve ser.

O FENÔMENO ___________ TIPO IDEAL.

Exemplo de aplicabilidade do método:

PROFISSÃO __________OUTROS TIPOS DE PROFISSÃO

Uma leitura aconselhada para entender tal método é a obra; A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo de Max Weber.

1.7. O método estruturalista

Tem como referencial Claude Lévi-Strauss. O que a caracteriza e a “...pretensão de descobrir elementos universais na sociedade humana.”[9] A capacidade do homem de estruturar o ambiente onde vive e montar para si o ideal parte de idéias de que todos os homens a têm, a sociedade pode ser diferente enquanto fenômeno, mas é igualitária quanto a sua origem.

Para estudar o homem e a sociedade onde está inserido é necessário estudar os ramos da sociologia. Têm-se como ramos clássicos à sociologia sistemática, descritiva, comparada, diferencial, aplicada e a geral ou teórica. A sistemática se preocupa em organizar as diversas concepções sociais para entender os universais. A descritiva mostra a realidade temporal do fato que marca a sociedade onde a investigação é feita. A comparada busca o relacionamento entendendo a evolução histórica e o ambiente em que está inserido o fenômeno da pesquisa. A diferencial procura entender cada indivíduo dentro do grupo onde está inserido e não lhe entender com base em um tipo de homem. A aplicada “ estuda a intervenção racional sobre as condições sociais de existência.”[10] A geral ou teórica se preocupa com a elaboração de princípios.



II – A história da sociologia.



Para se estudar a história de um ramo da ciência é necessário a maior neutralidade possível nos fatos mencionados, evidenciando as reais contribuições que sofreu o pensamento sociológico.

2.1. Contribuições do Helenismo.

Ainda em seu estado embrionário a sociologia começa a ter suas concepções formadas no meio filosófico, neste período três obras marcam a sociologia, seja pelo estudo do homem ou da sociedade, são elas:

Platão (429 – 341 a.C.) – A república;
Aristóteles (384 – 322 a.C.) – A Política;
Santo Agostinho (354 – 430 d.C.) – A Cidade de Deus.

Essas obras quando fazem menção do papel do homem na sociedade e do ideal de sociedade e da dependência do homem do estado, propõem um ideal da sociedade. É evidente que suas contribuições são mais estudadas na cadeira de filosofia e às vezes lembrada na sociologia como influência sobre todo o desenvolvimento histórico.

2.2. Contribuições na idade média

Vista comumente como idade das trevas esse período foi de grande valia pela sua manutenção das obras antigas e pelos conflitos enriquecedores dos bispos, laicatos e governos que formam uma ponte para o posterior conceito da sociologia.

Quem se destaca como luz neste período é Tomás de Aquino que após Santo Agostinho busca um contraponto entre o platonismo de Agostinho e a apropriação religiosa pelo Aristotelismo no século XIII e movimentada pelo seu pensamento e pela apropriação do mesmo pela Igreja.

O sub-julgar a sociedade ao poder Papal tanto em questões religiosas como na política enfurece principalmente os governos dos estados independentes da Inglaterra, França e Alemanha que não viam nenhuma vantagem nesse controle e logo proporam progressivamente uma ruptura com a Igreja através de idéias reformadas.

2.3. A renascença

Este período é marcado pelo desenvolvimento das artes e a cultura em torno do homem. Os monges e o poder dos bispos estão em decadência por suas preocupações temporais no cuidado da terra e pela desenfreada depravação.

A Itália maior parte sobre o domínio Papal está sobre influência da estética e do secular. As famílias que possuem dinheiro sustentavam artistas para que se desenvolve sua arte. Entre os pensadores se destacam:

1568 – 1639 – Tomás Campanella – A Cidade do Sol
1478 – 1535 – Tomás Morus – A utopia
1561 – 1626 – Francis Bacon – Nova Atlântida
1467 – 1536 – Desidério Erasmo (de Rotterdam) – O Elogio à loucura
1469 – 1527 – Maquiavel – O Príncipe
1598 – 1650 – R. Decartes – Discurso sobre o método
1712 – 1778 – Jean-Jacques Rousseau – O Contrato Social[11]

2.4 As contribuições do século XVIII

Visto como o período anterior ao resplendor da sociologia, as normas da sociologia devem-se a este período.

O mundo passava por mudanças brutais, a independência da América, a revolução Francesa. Com estes movimentos a sociedade passou por mudanças onde a sociedade foi afetada, a classe média teve papel vital e oportunidade de desenvolver suas riquezas, a classe baixa via a sua esperança no trabalho braçal prestado a classe média e os governos se preocupavam com o comércio em outras nações.

O setor educacional se desenvolveu rapidamente agora as universidades não ficavam restritas a regiões já conhecidas como; Alemanha, França, Inglaterra, Itália e Suíça. Houve um crescente interesse em se estudar estas transformações através da observação e da análise da ação e reação.

O ápice se deu com: Augusto Conte, Spencer e Karl Marx. Não se deve ignorar outros pensadores importantes desse período como:

1689 – 1775 – Montesquieu – O espírito das leis
1711 – 1776 – Hume – Tratado sobre a natureza humana
1723 – 1790 – Adam Smith – A riqueza das nações
1772 – 1837 – Fourier – Falanstérias
1771 – 1858 – Owen – Uma nova visão da sociedade
1809 – 1865 – Proudhon – O que é a propriedade
1770 – 1831 – Hegel – A dialética
1772 – 1823 – Ricardo – Princípios de economia política
1766 – 1834 – Matheus – Ensaios sobre o princípio da população.

Uma iluminação ainda maior estava por vir com os referenciais de maior expressão dentro da sociologia.

2.5 Os marcos da sociologia

Como marcos do século XIX surgem três expoentes maiores do desenvolvimento da sociologia que influência o mundo contemporâneo. São eles: Augusto Conte, Hebert Spencer e Karl Marx. Augusto Conte tem suas origens na França mais precisamente em Montpellier. É conhecido pela doutrina positivista e pela sua obra: Curso de Filosofia Positiva.

Alguns princípios básicos por ele desenvolvido foram:

Prioridade do todo sobre sua ramificação;
O homem como sendo um ser sempre igual;

Conte (1798 – 1857) colocará a sociologia como a ração de ser das ciências; e ficou marcada pela lei dos três estados cuja classificação é a seguinte:

“ Estado teológico ou fictício, em que se explicam os diversos fenômenos através das causas primeiras..., estado metafísico ou abstrato. As causas primárias são substituídas por causas mais gerais... estado positivo ou científico. O homem tenta compreender as relações entre as coisas e os acontecimentos através da observação científica e do raciocínio...”[12]

Entende-se que no primeiro estado ele passa por uma divisão natural do crer; primeiro se atribui poderes e milagres a objeto e a animais, mais conhecido como “fetichismo”. O segundo período do mesmo estado o homem passa a crer e dar estas atribuições a deuses. Cada Deus possuí uma personalidade distinta “politeísmo” e a última etapa é o auge do estado sendo conhecido pela adoração a um único Deus e somente a sua existência como eterno “monoteísmo”.

Além da obra citada anteriormente outra obra de desenvolvimento do positivismo é a “Política Positiva”.

O segundo marco desse período é Hebert Spencer sendo de origem inglesa e influenciado por Darwin faz surgir como conseqüência de seus estudos a “Escola Biológica”.

Também como Augusto Conte parte para uma divisão do mundo em três partes: o inogârnico, os orgânicos e os superôrganicos. Influenciado por Darwin aplica a evolução à sociedade em todos os seus estados. A evolução para ele era do simples para o complexo.

Para perpetuar as suas concepções duas obras de Spencer são de vital importância; Princípios de Sociologia e o Estado da Sociedade.

O último marco, não menos e nem mais importante que os outros é Karl Marx é de origem Alemã, para se entender as concepções de Marx é necessário olhar para a História e ver que a sua influência é camponesa e os olhos estão voltados para o sistema de produção. Como demonstração disto é a sua obra; O Capital.

Pra sua concepção ele cria em um modo peculiar de enxergar a sociedade como “infra-estrutura” e “supra-estrutura”

Marx busca através do estado o ideal igualitário sem a discrepância das classes sociais.

2.6. A sociologia no século XX ( modernidade)

Muitos são os nomes da sociologia contemporânea e cada qual com sua contribuição, mas aqui se estudará somente o divisor de áquas, ou não querendo ser injusto, aqueles que parecem ser os grandes nomes.

2.6.1. Émile Durkheim

Durkheim que assim como Conte é Francês, mas as semelhanças param por aí.

É conhecido por fincar estacas na metodologia do estudo da sociologia dando a está a estrutura que era necessária.

Suas obras de maior destaque foram: A divisão do trabalho social; As regras do método sociológico e o Suicídio.

Durkheim em suas pesquisas faz uso do método monográfico e estatístico. Um de seus marcos narradas em o Suicídio foi à característica de um grupo em possuir uma “consciência coletiva”.

2.6.2. Max Weber

Assim como Karl Marx, Weber era alemão, mas também as conhecidências terminam aí.

Weber busca entender a conduta social do individuo e das classes onde esse homem está. Ele desenvolveu o sistema de análise sociológica, onde se estuda o acontecimento para saber e compreender o tipo ideal.

As suas obras mais difundidas no mundo moderno são: A ética protestante e o espírito do capitalismo e a Economia e sociedade. A primeira sendo uma crítica ao movimento da reforma por causa de suas conseqüências na Europa de sua época, Weber vê neste movimento a força motriz do capitalismo moderno.



Bibliografia




TORRE, M.B.L. Della. O homem e a sociedade: uma introdução à sociologia. São Paulo: Companhia Editorial Nacional, [s.d.].

LAKATOS, Eva Maria. Sociologia geral. São Paulo: Atlas, 1989.

ANDERSON, Walfred A. e PARKER, Frederick B. Uma introdução à sociologia. Rio de Jeneiro: Zahar, 1977.

BOTTOMORE. Introdução à Sociologia. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.
[1] LAKATOS, Eva Maria. Sociologia Geral. p.31
[2] TORRE, M.B.L. Della. O homem e a sociedade. p.25
[3] BOTTOMORE. Introdução a Sociologia. p. 61
[4] Loc. Cit.
[5] LAKATOS, Eva Maria. Sociologia Geral p. 34
[6] Ibid. p. 37
[7] BOTTOMORE. Op. Cit. p. 65
[8] Ibid. p. 66
[9] BOTTOMORE, Introdução a Sociologia. p. 69
[10] TORRE, M.B.L. Della. O homem e a sociedade. p. 29
[11] Outra obra de extrema importância desse autor é; O discurso sobre a origem da desigualdade.
[12] LAKATOS, Eva Maria. Sociologia Geral. p. 45

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