O EVANGELHO – UMA ESPERANÇA ÀS NAÇÕES

Prof. Gustavo Alex Faria Custódio


INTRODUÇÃO: Tratar de dois termos que se inter-relacionam, Evangelismo e Missões; é também enxergar a característica fundamental de cada um: Evangelismo aponta para Missões mas contém em sua estrutura o conteúdo da mensagem. Ultimamente tem se falado em Missões como ato de ir, contribuir e orar, mas gostaria de lembrar que para a realização de Missões é necessário refletir sobre o seu conteúdo. A mensagem que é transmitida aos homens.

Como reflexo da decadência ou do desvio de foco foi realizado em 1974 em Lausanne – Suíça um congresso de Evangelização mundial. Ao final do congresso ficou firmado um pacto sobre o qual iremos trabalhar.

O PACTO DE LAUSANNE E SUA PERSPECTIVA EVANGELÍSTICA.
Textos: Rm 1:16; Jo. 5: 24 – 25

No congresso foram identificados alguns problemas quanto à evangelização, sendo o primeiro deles a inferência que a evangelização não deve ser medida pelo resultado[1]; na visão de Stott isso não deveria acontecer porque evangelizar é pregar as boas novas, a ação do convencimento não é humana e sim vinda de Deus.

Evangelizar é a ação humana de obediência a Deus e a sua palavra, os resultados são conseqüências espirituais. “Evangelizar é proclamar o Evangelho, quer alguma coisa aconteça ou não”.[2]

“Evangelização não deve ser definida em termos de método. Evangelizar é anunciar as boas novas, não importa de que maneira; ou levar as boas novas, não importa por que meios”.[3]

Michael Green observa uma tese presente na mensagem apostólica que deve ser trazida à tona pela Igreja: 1 – A mensagem era cristocêntrica; não deve haver um lugar central no evangelho para qualquer outro.

Uma crítica as Missões modernas é que estas se esqueceram de Cristo e vivem uma contemplação antropológica. Um exemplo disto é ver a pouca repercussão que dá o evangelho sendo pregado na Inglaterra e do outro lado à atenção que é dada a uma tribo.

A mensagem evangelística a outros povos não deve ser vista como o sucesso do homem e sim como a graça de Deus que utiliza a sua igreja como corpo para tal tarefa.

O PACTO DE LAUSANNE E SUA PERSPECTIVA SOCIAL.

Texto: Lv. 25:17

Uma das maiores críticas feitas a Igreja em Lausanne foi que de um modo geral ela se preocupou tanto com o homem que se esqueceu da função vital de proclamadora, queremos aqui deixar claro que a mudança social acontece onde há à proclamação do evangelho e como resultado disso há conversões.

a) A concepção de responsabilidade social no pacto.

“Afirmamos que Deus é o criador e o juiz de todos os homens. Portanto, devemos partilhar o seu interesse pela justiça e pela reconciliação em toda a sociedade humana, e pela libertação dos homens de todo tipo de opressão (...) Aqui também nos arrependemos de nossa negligência e de termos algumas vezes considerado a evangelização e a atividade social mutuamente exclusivas. Embora a reconciliação com o homem não seja reconciliação com Deus, nem a ação social evangelização, nem a libertação política salvação, afirmamos que a evangelização e o envolvimento sócio-político são ambos parte do nosso dever Cristão. (...) A salvação que alegamos possuir deve estar nos transformando na totalidade de nossas responsabilidades pessoais e sociais. A fé sem obras é morta”.[4]

b) Para Lausanne há três princípios fundamentais:
Não negligenciar a responsabilidade;
Entender que Ação Social não é salvação e
O salvo deve testemunhar através das boas obras.

c) Reflexões para o agora:
Seria função somente do estado o cuidado social?
O estado deve cumprir sua função de gestor da sociedade e cuidar de sua população. A Igreja tem como papel fundamental e que nenhum outro pode fazer; a missão proclamadora, mas , a Igreja não se esquiva de socorrer os necessitados como expressão do amor divino colocado em nossos corações assim como cobra das autoridades aquilo que lhe é de dever[5].
Qual a melhor maneira de assistência social?
Durante algum tempo de sua obra social a Igreja se preocupou com o imediatismo, que possui uma função micro, ao estabelecer a visão social a Igreja deve projetar a mudança social e isto pode ser feito através de escolas, cursos profissionalizantes, entre outros.

O PACTO DE LAUSANNE E SUA PERSPECTIVA CULTURAL

Textos: Gl. 3: 26-29; Rm. 4: 16-17

“Definiremos cultura como os sistemas mais ou menos integrados de idéias, sentimentos, valores e seus padrões associados de comportamento e produtos, compartilhados por um grupo de pessoas que organiza e regulamenta o que pensa, sente e faz”.[6]

“ O evangelho não pressupõe a superioridade de uma cultura sobre outra, mas avalia todas elas segundo o seu próprio critério de verdade e justiça, e insiste na aceitação de valores morais absolutos, em todas as culturas”.[7]

a) O mito da cultura sagrada
É comum dentro de alguns movimentos cristãos atribuírem santidade a cultura judaica, e tentam colocá-la dentro da cultura nativa. Isso pode ser percebido no processo de colonização, onde Ingleses fizeram o mesmo com os índios nativos e no Brasil pelos Portugueses para controlar a pluralidade cultural.

A cultura de um povo contém elementos primordiais para o entendimento do ser humano, suas reações e influências. As escrituras como regra de fé e prática deve ser utilizada em seus princípios absolutos dentro de qualquer cultura.

A benção da pluralidade cultural é a promessa feita a Abraão, povos línguas e nações diante do cordeiro mostram esta diversidade de grupos étnicos diante do Cordeiro.

b) A cultura e a expansão do evangelho.
O domínio não é cultural e sim divino, o pacto divino com o seu povo se deu através do Filho, Ele é a expressão exata do seu ser. O Filho nunca discriminou pessoas, os apóstolos não trabalharam para um evangelho tribal e sim para o Reino.

Conclusão

As implicações que podemos tirar do pacto de Lausanne são:
· Preocupação com o conteúdo da mensagem;
· A não prioridade dos métodos;
· Uma visão cristocentrica;
· Transformação social;
· Não há cultura sagrada e sim a
· Supremacia da cruz de Cristo.

A Igreja deve possuir uma visão sobre tais propósitos e transforma-las em prática de vida, encarnar a mensagem do evangelho para o digno da nomenclatura: Cristão. (Mt. 7: 24)

“Hoje a Igreja em cumprimento a sua missão mostra-se de três formas: ‘Marturia – testemunho ou proclamação do evangelho. Diakonia – Serviço cristão através da obra social. Koinônia – comunhão dos fiéis’”.[8]
[1] STOTT, John R. W. A base bíblica da Evangelização; in – GRAHAM, Billy & et. al.. A missão da Igreja no mundo de hoje. p.39
[2] Ibid. p. 40
[3] Loc. Cit.
[4] STOTT, John. Série Lausanne.v.4: Uma exposição e comentário. p. 27 - 28
[5] Para melhor entendimento consulte: Custódio, Gustavo A.F. A Hermenêutica da Teologia Social. Mimiografo.
[6] HIEBERT, Paul. O Evangelho e a diversidade de culturas. p.30
[7] STOTT, John. Série Lausane v.4: Uma exposição e comentário. p.43
[8] CUSTÓDIO, Gustavo. A hermenêutica da teologia social. p.25; Apud; MATTOS, Domicio P. Posição Social da Igreja p. 31.

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