: O EVANGELISMO COERENTE: RESULTADO DE UMA TEOLOGIA BÍBLICA

Prof. Gustavo A. F. Custódio.


Introdução.


A teologia Bíblica nos ajuda a entender mediante o texto escrito a revelação de Deus, está sobre o prisma de outras matérias do campo teológico como a Hermenêutica[1] e a Exegese[2]. O método hermenêutico utilizado pelos reformadores e pela ortodoxia sempre foi o histórico – gramatical. Como histórico queremos dizer a abordagem do texto levando em consideração o momento da escrita, a língua original, o estilo literário, as releituras dentro do cânon que o texto teve e outras informações provenientes desta pesquisa. A abordagem gramatical irá nos ajudar a entender o texto como produto literário, fazendo perguntas de cunho literário e conhecendo cada texto como fruto de uma produção literária, e saindo da pena do escritor, com tal afirmação não queremos inferir que o texto é somente humano e proveniente de sua vontade. Temos a clara noção de que o autor escreveu sob a inspiração Divina.

A teologia Bíblica nos ajuda a termos uma visão ampla sobre um mesmo tema nos diversos textos das escrituras e enxergar a sua harmonia. É isto que acontece com o Evangelismo, este não deve estar pautado em pressupostos humanos em detrimento da verdade absoluta, a falta de referenciais neste período da história nos faz subjetivar a verdade, tornando-a relativa, isto sobre a influência filosófica. Um exemplo claro disto é o que acontece na falida Teologia da Libertação, nascida na América Latina que apropriou-se de preceitos marxistas para ler a Bíblia sobre a ótica social, distorcendo os ensinos escrituristicos para satisfazer o seu pressuposto. O que acontece então? A igreja agora passa a conhecer um Deus que escolheu os pobres, e que a escatologia é um perspectiva de libertação do domínio social e da estrutura capitalista. Dentro da teologia bíblica a releitura social tem que ser feita através do texto e não em detrimento dele. A construção epistemológica no que se refere ao Evangelismo, não deve estar pautada em uma identificação social exclusiva e sim em um método inclusivo. Todas as classes sociais, todas as nações e todos que estiverem ao nosso alcance ouviram a mensagem de Cristo. A opção da teologia bíblica é o ANÚNCIO A TODAS AS NAÇÕES (Mt. 28: 19. “... fazei discípulos de todas as nações...”), e não um grupo seleto, seja ele rico ou pobre.

1. Pressupostos de uma teologia bíblica ortodoxa.

A relevância dos pressupostos está ancorada no ponto de partida, a pergunta seria: De onde você esta partindo? Quais instrumentos usará? Com este cenário o estudante das escrituras pode saber por qual caminho estará sendo feita a análise e com quais subsídios contamos.

A revelação na história

A história da revelação (textos que mostram Deus se revelando –Gn 6:3 “Então disse o Senhor.”; Gn 12:1 “(...) disse o Senhor a Abrão (...)” e outros em toda a história) possui um centro, que é a história da redenção (Gn. 3:15; Jó 19: 25 e Lc 1: 68 – 75). Em todos os momentos da história temos a revelação como um ato da graça de Deus em relação a sua criatura e a fidelidade D’Ele para com a sua palavra. A revelação fornece ao homem o conhecimento da vontade divina, quando Adão escuta a ordem de não comer do fruto, esta era a vontade do Criador. O que foi revelado a Adão, passando por toda a história da humanidade, chegando na encarnação do Verbo e terminando na consumação nos dá uma dica de temas centrais no Antigo e Novo Testamentos, sendo o Reino, Pacto e o Mediador[3] (I João 4:10 – onde encontramos os três elementos).

A história da revelação também é a história dos Pactos, Deus em aliança com o seu povo (o cumprir da aliança Hb. 7: 26; 9: 15). Esta revelação divina não está permeada de erros por possuir uma característica de progressão na história, ou seja, o conhecimento através da revelação se torna mais nítido com mais revelação, onde cada ponto está sendo apresentado não por símbolos mas agora o fato em si. Uma analogia do que acontece na história é a idéia de um tapete a ser desenrolado, ele está ali mas só conhecemos o todo quando contemplamos cada parte desenrolada, não significa ignorância do que viria a conhecer e sim um conhecimento menos nítido, por isto os símbolos se fazem necessário, como por exemplo a figura do tabernáculo, que se cumpre na expressão que Cristo tarbenaculou-se conosco (o Deus conosco – MT. 1:23).

Em todo este desenrolar está presente a relação com Deus, seja ela melhor entendida pelos símbolos, mas que não se limita a eles, como um exemplo, a questão não é o holocausto em si mas o significado, o que isto aponta. A evangelização já esta dita no Antigo Testamento, ela não é uma novidade do Novo Testamento. Quando em Abraão está dito que em ti serão benditas todas as nações da terra, o seu cumprimento acontece na história de Israel ainda não de maneira plena, quando os judeus são chamados a serem testemunhas dos atos do Senhor, proclamadores dos seus feitos, e o convite ao estrangeiro para que cumpra as leis, está demonstrado que este ato proclamador sempre existiu ou sempre deveria existir no povo de Deus. Não ignoramos que a real compreensão nos adivem no mandamento de fazer discípulos, mas este tem um propósito, o de ensinar.

A história da humanidade não pode ser vista somente em acontecimentos antropológicos, mas como, a verdadeira manifestação soberana de Deus em cumprir seus decretos. Ele se manifestou a Eva, a Abraão, a Moisés e não nos podemos esquecer de Raabe, estes conheceram de forma embrionária a mensagem das boas novas do cordeiro, somente pela graça do Senhor que concedeu como meio de salvação a vida pelo Filho. Eles creram naquilo que haveria de se manifestar, não foram salvos por méritos ou o cumprir ritualisticamente a lei, mas pela graça e misericórdia de Deus. Não é que Deus mudou seu ser na história da revelação, o Deus do Antigo Testamento não é diferente do Novo Testamento, lei e graça não são pontos antagônicos. Cristo cumpriu a lei, nos livrando da morte (como conseqüência da desobediência) mas não anulou a lei, ou a revogou. A lei no Antigo testamento não estava separada da graça de Deus, pois sem ela ninguém poderia ser salvo, a lei aponta a santidade absoluta de Deus e o seu apartar do pecado, e em contato com a lei posso vilunsbrar minha pecaminosidade e contar com o sustentar da graça divina que me faz alvo do amor que não mereço e nunca merecerei.

Antigo e novo testamento em uma relação orgânica. (2 Timóteo 3:16)

Como orgânica nos referimos que ambos os testamentos são regras de fé e prática, não existe uma divisão estanque e sim um entendimento do todo. O que se ensina sobre amor em determinado momento não é contradizente com o expresso posteriormente e sim complementar. A lei moral não é aniquilada a partir da Aliança com Cristo, já a lei cerimonial encontra seu fim na história porque o Antitipo cumpriu o Tipo, isto pode ser comprovado ao ler Levíticos juntamente com Hebreus.

O novo testamento que é a revelação do Filho de Deus, o evangelho de Cristo Jesus não está limitado a individualidade de cada escritor, em cada evangelho não temos um Cristo que contradiz o outro evangelho, as narrativas são complementares. Não fazemos uma divisão do Cristo histórico e o Cristo da fé, não existe um Jesus real e um outro fruto da mística apostólica. O Cristo mostrado nas escrituras, tanto os fatos comuns como os fatos miraculosos formam um Cristo real onde milagres e situações do dia a dia fazem parte de sua História.

Alguns podem perguntar; o que isto tem a ver com a evangelização? A resposta objetiva seria, tudo. Quando temos claro que cada parte da vida de nosso Senhor é fato verídico, comprovado pelo testemunho apostólico e pela Igreja em todos os tempos, podemos ter a certeza que o Jesus de nascimento virginal, de tentação no deserto, de encarnação do verbo, de morte e ressurreição é o Cristo real. O Cristo da Fé não é diferente do Cristo Histórico, a comunidade de fiéis é uma realidade sobrenatural, que mediante o ensino do Sacrifício Vicário responde sim ao Rei da Glória, e o sobrenatural esta em sua união mística com ele. Devemos empenhar forças em levar a mensagem viva a cada ser humano, mostrando a vicissitude do homem em relacionamento contínuo com o seu Senhor, a expressão de Os. 6:3 “Conheçamos, e prossigamos em conhecer...” é fruto de um entendimento hebraista onde o primeiro termo “conheçamos” é um convite e o segundo “conhecer” uma conseqüência, mas ambos não demonstram estaticidade e sim vivência em continuidade de conhecer. Assim como Oséias é chamado a uma voz proclamadora em sua geração, esta voz de relacionamento contínuo é um princípio restaurador tanto para a época de Oséias como para nós. A voz proclamadora do evangelho deve vogar a si este princípio restaurador, os homens que viverem diante de Cristo em um relacionamento contínuo vivenciarão esta restauração.

A revelação progressiva. (Josué 1: 8; e todos os textos que dizem: “como falei há”; Moisés, Abraão e etc.)

Queremos dizer que a progressividade não significa uma nova revelação e sim o abrochar das sementes plantadas na revelação inicial, não existe uma nova revelação e sim uma revelação continuada e harmônica. Um exemplo disto é a relação de amor no antigo e no novo testamento, ambos não são contraditórios e sim complementares. O termo que nos é proposto leva-nos a considerarmos ambos os relatos, sem discriminação literária, nem uma escolha superficial de que um texto é mais ou menos empolgante. Quando nos propomos a estudar um tema nas escrituras e que no nosso caso é a evangelização, não devemos nos ater aos últimos textos como manifestos que anulam o anterior (Romanos 7:12 - 14 – Paulo ressalta o caráter da lei moral).

A revelação contínua nos textos sagrados não nos serve de lei revogada para lei em vigência, o que quero dizer com isto, é, o texto que menciona a evangelização ou proclamação no Antigo Testamento não é descartado a luz do Novo e sim complementado. A história (conduzida pela soberana vontade de Deus) traz a cena algo que anteriormente era esperado (ex. o Messias, o Reino), ou de maneira simbólica tido como uma fonte de fé (ex. a expectativa do Messias a ser manifesto, o Reino a ser estabelecido). Cristo mostra a progressividade da revelação quando revela o espírito da lei, ele não deu nova lei, ele estabeleceu os parâmetros de interpretação da lei. Nós podemos perder muito da riqueza bíblica quando lemos os relatos fora de sua compreensão ao seu público alvo, e também sem a relação do tema com o todo. É isto que acontece na apropriação do tema evangelização nos séculos que ficaram marcados pelo Iluminismo, Relativismo e o Pluralismo.

2. O evangelismo como resultado e uma teologia bíblica errada. (Oséias 8:14a; Ezequiel 12:2 – um teologia que nos cega e nos afasta de Deus).

Quando removemos os pressupostos e damos vazão a especulação podemos cair nos erros do liberalismo, da superficialidade, do entendimento místico. Estes descartaram volta e meia alguns dos pressupostos da bibliologia como: Inerrância, Infabilidade. Para não cairmos neste erro afirmamos: “A definição protestante de relação com o texto sagrado é: ser a palavra de Deus; escrita sob a orientação do Espírito Santo; isentas de qualquer erro. Somente nela á revelação especial de Deus com padrão normativo, por isso é a regra de fé e prática.”[4] E a afirmamos para não cair no erro das leituras do pragmatismo, subjetivismo e do ecumenismo.

O evangelismo pragmático.

O pragmatismo é um dos ramos da filosofia (ligado aos axiomas), tem como teoria de valor o “dar certo”, algo é realmente bom se apresenta resultados contundentes e práticos. A origem do termo está ligado a prática, se apropria dos sistemas de valores para ver qual deste apresenta o resultado esperado. Na aplicação a evangelização tende a dar maior valor ao método do que a mensagem. A apropriação de textos bíblicos para alcançar seus objetivos é algo comum nesta leitura pragmática. Outra falha deste método está em permanecer na superficialidade, sem muito o que entrar nas razões ou estruturas. Dá pouca relevância aos pressupostos, estes podem ser alterados mediante a necessidade. Geralmente vem acompanhado pela dificuldade de definir uma teoria, ou concluir um tema, opta pelo genérico e relativo. Busca o convencimento do não cristão através de métodos compactos e sucintos, geralmente vem acompanhado por uma mensagem de benção, ou de vida melhor (materialismo) no cristianismo.

Nenhuma teoria contrária aos princípios bíblicos devem ser analisadas a luz de si mesmo, o problema da evangelização pragmática está numa falsa exegese ou na falta de exegese.

O evangelismo subjetivo. (Ezequiel 13:4 – 6 e 10)

Trabalha na ótica do relativo e do individual. O problema deste método na Teologia da Evangelização mora na não existência de absolutos (os falsos profetas tentam tirar Deus de cena), se não há referenciais eternos, do que se trata então as escrituras? A interpretação bíblica perde seus referenciais e passa a ser um livro a ser interpretado a luz de uma experiência individual. A construção da mensagem não apresenta então padrões, normas, mas sugestões, que podem ser alteradas mediante o gosto do freguês (falam aquilo que o povo gostaria de ouvir).

A Evangelização deixa, ou pode deixar de ter seu centro na mensagem de Cristo. Proclamar passa ser uma questão de vontade e não um dever. Em vez de uma mensagem Cristocentrica passamos a ter uma mensagem Antropocentrica. O homem se torna a medita de todas as coisas, o parâmetro de verdade não está fora dele mas nele, o homem é então senhor de si e da história.

O evangelismo ecumênico.

É necessário primeiro diferenciar de qual ecumenismo estamos falando. Se estamos falando de um ecumenismo de Cristãos reunidos para um diálogo sobre os fundamentos da fé cristã então este ecumenismo possui valor inestimável, pois o seu centro de comunicação não será a minha ou a sua igreja e sim as escrituras como padrão absoluto de verdade[5].

Mas se sobre ecumenismo estamos falando da unidade inter-religiosa, ou seja, a unidade de diversas religiões, vários pressupostos cristãos deverão cair por terra, inclusive a evangelização. O que deve haver é uma convivência pacífica entre adeptos das diversas religiões, sem uma freqüente busca de adeptos. Esta estrutura de ecumenismo é condenatória a religião cristã, pois extingue seu propósito proclamador. As escrituras novamente é deixada de fora, como norma para todos os homens, e cada religião define o seu caminho a seguir. A única confirmação que tenta-se estruturar é um código de ética e moral, aberto tanto ao ocidente como ao oriente, as religiões são entendidas como fruto de uma cultura, e se igualam no seu valor de sagrado. No diálogo das religiões monoteístas fala-se em adoração e revelação de diversas formas em diversos lugares, o mesmo Deus apresenta-se na cultura e torna-se parte dela para revelar princípios eternos, estes são ambivalentes em todas as religiões, o mesmo Deus, mas revelando princípios diferentes (observe alguns textos onde Israel tentou trazer um ecumenismo com os povos vizinhos e qual foi a palavra de Deus – 1 Reis 14: 21 – 24; outro exemplo é Elias e os profetas de Baal).

Alguns princípios a serem observados:

1. Tiram a centralidade da revelação escrita;
2. Colocam sobre um mesmo prisma Cristo e os diversos mediadores;
3. Substituem a unidade pela diversidade;
4. Colocam a evangelização como algo descacterizador da cultura religiosa;
5. Lutam pela consciência de trânsito religioso entre os diversos grupos.


3. O evangelismo como resultado de uma teologia bíblica correta. (Salmo 119:105; Romanos 1:16)

O evangelismo deve estar centrado em três características fundamentais para ser bíblico: primeiro – centralidade de Cristo (a mensagem da cruz), segundo – centralidade na Aliança e terceiro – a consumação (a redenção, o estado eterno). Estes três fundamentos nos ajudam a entender melhor a mensagem das escrituras.

Durante o séc. XIX é disseminado nos Estados Unidos uma teologia de que a compreensão do antigo testamento deveria estar firmadas em diversas etapas e não um todo, este sistema dividiu a história da revelação em compartimentos estanques e antagônicos, um exemplo disto foi o de dizer que no Antigo Testamento a forma de salvação é diferente da do Novo Testamento (antes pela Lei e agora pela Graça). Este sistema chegou ao Brasil e as Igrejas pentecostais via a Bíblia Scofield (1910), algumas denominações adotaram este sistema como sendo o modo de interpretar as escrituras, diferente do Sistema Pactual ou Sistema de Alianças. O Cristo dos Pactos agora é reduzido somente a um período da história, a graça do Senhor vira coisa do Novo Testamento e o Senhor da história se torna mutável, assim como seus fundamentos o são. Iremos adotar e provar nos tópicos abaixo que o sistema pactual ou de alianças é o mais correto para interpretar as escrituras. A proclamação do evangelho é uma aliança eterna entre Deus e o seu povo, sobre o pressuposto de um sacrifício vicário.


a. O evangelismo e a Cruz de Cristo. (Atos 2:32 e 38)

Dentro do sistema pactual a centralidade da mensagem é a redenção através do sacrifício, a imputação de nossos pecados ao inocente. Um redentor todo poderoso, que se encarnou, e sendo o representante dos que hão de herdar a vida. Quando olhamos para Hebreus 10 temos a real narrativa do valor eterno da vitória de Cristo na cruz, cumprindo a lei e perante ela sendo perfeito. A mensagem do Deus conosco, Cristo satisfaz na Cruz a justiça de Deus e por seu sacrifício o pecado que nos era imputado foi levado sobre si, o que para nós é graça custou a Ele um preço muito alto.

Quando entendemos a mensagem acima, provavelmente olhamos para nossa miserabilidade e podemos dizer: “Obrigado, por tão grande amor.” Fomos alcançados por seu amor, Ele nos declarou justos e como seus discípulos somos seus imitadores. A proclamação passa a ser um comportamento normal da vida do regenerado, as suas palavras falam de vida, o seu conteúdo é o Filho de Deus e está mensagem passa a ser disseminada a toda a criatura. Entendemos nossa função como um ato de gratidão a Deus e de amor ao próximo.

Observe alguns pontos desta maravilhosa mensagem:
- Cristo é o caminho;
- Cristo é a vida;
- Cristo é o alimento;
- Cristo é a esperança e
- Cristo é a razão do nosso viver.

b. O evangelismo e a Aliança. ( Hebreus 9:15 e 20 (uma aliança prometida desde o início e para qual todas as outras apontavam e somente possível mediante expiação e morte do inocente.)

A aliança de Deus com o seu povo Israel apresenta os mesmos fundamentos da aliança estendida a todas as nações. O fundamento é a manifestação maravilhosa de um resgate da morte a vida, não por obras mas mediante a graça. Quando no Antigo Testamento homens e mulheres entendiam estes princípios, eles não estavam presos ao ritualismo, apesar de amarem a lei do Senhor e seu Santo Templo, não viam em ambos um fim em si mesmo. Sabiam que o perdoar pecados não estava preso ao ritual, e sim, a graça de Deus. Muitos cristãos de nossa geração são enganados por um ritualismo com um fim em si mesmo, como que se cumprindo o ritual estará tudo resolvido.

As alianças sempre representavam a aliança da redenção (o Pacto da Redenção), algo que teve início no conselho eterno de Deus. Quando Paulo apresenta o pai da Fé ele está falando de Abraão, anterior a lei, mas que possuía uma lei moral excelente, mas isto não era redentivo, porque Deus encerrou a todos sobre o pecado. A fé de Abraão não estava na justiça própria e sim na justa justiça daquele que viria.

Esta mensagem de aliança possui algumas características a serem destacadas:
- O amor;
- A graça;
- A misericórdia e
- A dádiva.

Todas estas características foram cumpridas por aquele que propôs a aliança. O nosso Deus forneceu todos os meios para o cumprir e o perpetuar desta aliança, que não se finda na morte, mas continua para eternidade.

c. O evangelismo e a consumação. (Romanos 10: 14 e 17; I João 5: 12 e Apocalipse 22: 7)

A consumação está declarada nos evangelhos como a volta de Cristo a buscar a Igreja, e condenar os ímpios. A característica da santidade divina faz com que qualquer homem em qualquer tempo só seja aceito diante de Deus por meio de Cristo Jesus. Os ímpios são aqueles que não provaram do lavar regenerador do Cordeiro, seja ele judeu, grego, romano ou de qualquer outra pátria. Todos os homens são indesculpáveis.

A Igreja de Cristo é portadora da mensagem de boas novas e responsável pela pregação, os homens devem escutar a mensagem de redenção daqueles que nasceram de novo, e estes não devem omitir a sua função proclamadora, enquanto que aqueles que houvem tal proclamação devem acolhe-lá em seu coração, em arrependimento. Todos serão julgados mediante a revelação de Deus aos homens, mas aqueles que possuem a marca do cordeiro são cidadãos do Reino, mediante justiça imputada. E os condenados são aqueles que não forem achados em Cristo. Façamos de tudo para ganhar a todos, para Cristo, mas que este tudo não inclua um outro fundamento e nem um outro evangelho.

Conclusão.

Meditarmos que existem maneiras certas e erradas de evangelismo é de suma importância, principalmente a luz das escrituras (uma Teologia Bíblica). Não devemos viver sem um referencial absoluto para as nossas práticas, e nem distorcermos ou omitirmos a verdade em beneficio próprio ou de uma consciência tranqüila. Ela não deve permanecer tranqüila, limpa e pura sem ter sido avaliada nas escrituras.

Tenho dúvidas se uma pessoa que nasceu de novo e tem uma vida cristã madura, possa negligenciar a centralidade da cruz, a aliança e a consumação. Uma mensagem antropocêntrica pode agradar e até encher uma igreja mas possui a sua base em outro fundamento, e o fim com certeza não será de Glória e Gozo. Pregue a cruz, fale sobre o pecado, toque na necessidade de arrependimento, mostre os fundamentos da aliança com Cristo e indique o caminho da eternidade.

[1] A Hermenêutica fornece como ferramenta de trabalho as regras para a interpretação textual e o bom entendimento histórico, nos ajudando a fazer as perguntas certas ao texto das escrituras.
[2] A Exegese se apropria das regras hermenêuticas e do conhecimento lingüístico do original, juntamente com a pesquisa histórica (o contexto) e me ajuda a ter uma investigação mais primorosa do texto.
[3] Esta estrutura é apresentada na obra de GRONINGEN, Gerard Van. Criação e Consumação. São Paulo: Cultura Cristã. 2003.
[4] CUSTÓDIO, Gustavo Alex Faria. Bibliologia. p.1 (não publicado)
[5] Para melhor entendimento sobre esta postura de ecumenismo leia: CUSTÓDIO, Gustavo Alex Faria. Existe um Verdadeiro Ecumenismo? (monografia apresentada ao STEMA, para a conclusão do Bacharel em Teologia. Trabalho não puplicado.) pp.

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